Estilista Coco Chanel era uma espiã nazista, diz o autor de sua biografia mais recente.
Segundo a mais recente biografia da estilista Coco Chanel ela "era uma antissemita confirmada". Essas afirmações são feitas pelo o jornalista Hal Vaughan, autor de uma biografia de Chanel que denuncia o comprometimento da mais famosa criadora mundial de moda com o regime nazista. De acordo com o autor, ela teria sido uma espiã durante a Segunda Guerra Mundial.
Em 1995, a revista francesa L'Express, depois, em 2008, a alemã Der Spiegel haviam levantado dúvidas sobre o passado da francesa célebre citando a colaboração dela com o serviço secreto alemão em 1943, para tentar negociar uma paz separada com Winston Churchill.
Autor de Sleeping With The Enemy, Coco Chanel's Secret War (Dormindo com o inimigo, a guerra secreta de Coco Chanel, numa tradução livre), Hal Vaughan explicou que seu livro é fruto de três anos e meio de pesquisas nos arquivos americanos, franceses, alemães, britânicos, italianos e poloneses. Também consultou 225 obras de referência relacionadas a estilista.
— Descobri 12 citações dos propósitos antissemitas de Coco Chanel, também uma anticomunista convicta que se vendeu aos alemães porque acreditava que Hitler fosse derrotar Stalin — disse o jornalista americano.
O grupo Chanel, controlado pela família Wertheimer, desmentiu formalmente na terça-feira que Gabrielle Chanel, seu verdadeiro nome, fosse antissemita.
— Nunca a ouvi falar qualquer coisa que me fizesse pensar em antissemitismo, mesmo porque não teria suportado — afirmou Edmonde Charles-Roux, autor de uma biografia sobre Gabrielle Chanel datada de 1974.
Autor de dois livros sobre a Segunda Guerra Mundial, Hal Vaughan, 84 anos, contou que descobriu num documento da polícia francesa, datando de 1946, que a célebre estilista era agente da F-7124 de Abwehr, serviço de informação militar alemão, instalado durante a Ocupação no hotel Lutetia de Paris (VI 'arrondissement', circunscrição administrativa).
— Não pude acreditar em meus próprios olhos quando tive em mãos esse documento manuscrito, de 15 páginas, com o título +Gabrielle Chanel, chamada Coco+ — citando, inclusive o código da então agente "Westminster", tirado do nome de seu amante durante seis anos, o duque de Westminster.
— Talvez ela tenha sido manipulada pelo amante alemão, mas era uma oportunista — adianta Vaughan. Segundo seu livro, Coco Chanel, apaixonada por um oficial alemão, o barão Hans Gunther von Dincklage, foi recrutada em 1940 como agente secreto do regime nazista.
Vaughan cita também um documento do MI6, o serviço de informação britânico, que relata a confissão de um importante agente alemão que desertou em 1943, em Madri. No documento de 103 páginas, três são consagradas a estilista e a seu outro amante von Dincklage, disse "Spatz", confirmando que Coco Chanel era mesmo uma espiã da Alemanha.
Em documentos da Resistência francesa, o jornalista disse ter também descoberto que o nome de Coco Chanel figurava com a menção "condenada à morte", assim como o poeta Jean Cocteau e o coreógrafo Serge Lifar. Entre as revelações do livro está a missão que realizou na Espanha, em troca da libertação de um sobrinho detido e sua relação com líderes do nazismo, como Hermann Goering e Joseph Goebbels, entre outros.
Vaughan descreve em detalhes a relação dela com o barão Hans Gunther von Dincklage, um oficial alemão, mencionada em outras biografias da estilista, mas cuja verdadeira influência é apresentada pela primeira vez.
"Dincklage é revelado aqui como um mestre da espionagem nazista e um agente da inteligência militar alemão que tinha a seu dispor uma rede de espiões, no Mediterrâneo e em Paris, que reportava diretamente ao ministro de propaganda nazista Joseph Goebbels, considerado a mão direita de Hitler", diz o comunicado da editora.
A estilista
Coco Chanel (1883-1971) nasceu em 19 de agosto de 1883 em Saumur (oeste da França). Tinha 12 anos quando a mãe morreu e foi abandonada pelo pai junto a quatro irmãos. Gabrielle Chanel - seu verdadeiro nome - viveu num orfanato e, já adulta, trabalhou numa confecção até conhecer um rico herdeiro, Etienne Balsan.
Um empresário inglês, Boy Chapel, considerado o grande amor de sua vida, ajudou-a a abrir seu primeiro estabelecimento, dedicado à fabricação de chapéus. Seguiu-se a alta-costura, com a inauguração da casa de número 31 da rua Cambon em 1919; pouco depois, lançaria o primeiro perfume, o N° 5.
Depois da Segunda Guerra Mundial, exilou-se na Suíça até 1953, quando criou uma coleção recebida friamente em Paris, mas que conquistou o mundo.
Chanel morreu em 10 de janeiro de 1971 num quarto do Hotel Ritz na capital francesa e foi enterrada em Lausanne, na Suíça.
Matéria extraída do site Zero Hora