Após adiamento de votação da cura gay, Feliciano diz que homossexualidade não é doença.
“O projeto foi tratado de maneira maliciosa e desonrosa até. O projeto
não tem nada a ver com o nome maligno que deram a ele de 'cura gay',
porque ele não cura nada, até porque isso não é doença, isso é uma
orientação sexual”, afirmou o deputado. Na avaliação dele, o projeto
“protege os direitos da pessoa que quer aliviar a sua angústia interior e
protege o profissional que quer atuar com liberdade e isso hoje não
acontece”.
Felizmente, caminha a passos lentos na Comissão de Direitos Humanos e
Minorias da Câmara dos Deputados (CDHM) o projeto que permite a chamada
“cura gay”, com parecer favorável de seu relator, o deputado federal
Anderson Ferreira (PR-PE). De autoria do deputado federal João Campos
(PSDB-GO), a Proposta de Decreto Legislativo (PDC) 234/11 estava em
pauta para ser votada já na última terça-feira, 4 de junho, mas teve sua
votação adiada.
O adiamento se deu com pedido conjunto de vistas dos deputados
Simplício Araújo (PPS-MA) e Marcos Rogério (PDT-RO). “Eu vejo que há um
conflito muito grande. Não existe uma sintonia em torno do projeto.
Portanto, eu não me senti seguro e preferi adiar essa votação”, afirmou
Simplício, segundo a Agência Câmara.
O deputado considera que seu pedido de vista não foi um truque para
adiar a votação pela quarta vez e acredita que é “um desrespeito falar
em manobra, pois qualquer deputado tem o direito de pedir vista de
qualquer projeto que esteja em qualquer comissão dessa Casa”.
Presidente da Comissão, o deputado e pastor Marco Feliciano (PSC-SP)
garantiu que o projeto será votado imediatamente após o prazo de duas
sessões, previsto no Regimento Interno da Câmara. Segundo Feliciano, os
psicólogos estão perdendo o registro profissional quando atendem pessoas
que querem deixar de ser homossexuais.
O deputado defende que a proposta "traz o beneficio do direito humano
da pessoa escolher o que ela quer" no sentido de procurar ajuda de
psicólogos, caso esteja "infeliz por ser homossexual". "Ninguém cura ninguém, quem se cura é você mesmo quando você aceita ser
administrado por uma palavra de fé. Não é o medico que vai fazer isso,
não é o psicólogo. É a pessoa, se a pessoa está sofrendo, ela tem que
lutar por isso [cura] mesmo", acrescentou a deputada Liliam Sá (PSD-RJ),
em apoio à avaliação de Feliciano.
Frente parlamentar paralela
Em paralelo à comissão, a Frente Parlamentar em Defesa dos Direitos
Humanos promoveu uma votação simbólica contra a votação da matéria. O
ato, que só tem efeito político, teve a participação de cinco deputados –
Érika Kokay (PT-DF), Jean Wyllys (PSOL-RJ), Luiz Couto (PT-BA),
Domingos Dutra (PT-MA) e Marina Sant'anna (PT-GO), que fizeram questão
de demonstrar sua contrariedade com o tema. Durante a votação, os presentes levantaram cartazes com os seguintes dizeres: "Não ao obscurantismo" e "Não ao retrocesso".
Sobre o projeto
O projeto de decreto legislativo nº 234 de 2011, do deputado João
Campos (PSDB-GO), pretende permitir a "cura gay". O projeto visa
derrubar dois artigos da resolução 1/ 1999 do Conselho Federal de
Psicologia. Campos argumenta que o conselho restringiu o trabalho dos
profissionais e o direito das pessoas de receberem orientação
profissional, por intermédio de ato normativo, que "extrapolou o seu
poder regulamentar".
O Conselho Federal de Psicologia defende que a "homossexualidade não
constitui doença, nem distúrbio e nem perversão". Por isso, o
profissional poderá tratar normalmente de um homossexual sem que o tema
seja tratado como doença. Já para Campos, "o Conselho Federal de Psicologia, ao criar e
restringir direitos mediante resolução, usurpou a competência do Poder
Legislativo, incorrendo em abuso de poder regulamentar, com graves
implicações no plano jurídico constitucional". A proposta tem apoio do relator, o deputado Anderson Ferreira (PR-PE),
que, desde 26 de abril, já está com o relatório pronto para a votação do
projeto na CDH.
Se aprovado na comissão, o texto deverá ser votado em outras duas
comissões permanentes da Câmara antes de ir ao plenário – a de
Seguridade Social e a de Constituição e Justiça. Após o plenário da
Câmara , será analisado pelo Senado. Caso tentem apressar sua votação,
os líderes partidários poderão apresentar um pedido de urgência – o que
permitiria que a matéria fosse direito votada em plenário. No entanto,
precisariam do apoio de 257 deputados para fazer o pedido e mais mesmo
número de deputados para aprova-lo em plenário.