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segunda-feira, 23 de maio de 2011

Quem fica no carona, não pode reclamar!

Quando você é menor de idade e se assume, as chantagens geralmente são todas voltadas para o lado financeiro. Você fica entre manter seu padrão de vida e viver sua sexualidade, agora, assumida.
Os pais saem da fase de negação e começam a cortar tudo que é regalia, mesada, dinheiro do lanche, passeios, cinema e qualquer outra coisa que envolva dinheiro. Dependendo da cabeça deles, cortam até mesmo escolas particulares e cursinhos. Fazem tudo isso na tentativa de fazer o filho/filha enxergar o quanto ele perde ao ser gay. Acreditando piamente que isso é uma escolha, fase ou coisa do tipo, vêem nessa chantagem uma solução. Ou, acham que vêem. A verdade é que no fundo os mesmos sabem que não funcionará. É tudo uma grande fuga. Querem fugir do que está acontecendo, mentir para si mesmos, fazer de conta que tudo vai passar.
A convivência, que já não estava boa, fica péssima, já que eles decidiram se trancar no armário do preconceito.
E quando somos maiores e independentes financeiramente? Existe chantagem Jess?
Sim. Existe. Infelizmente.
E quando não há mesadas e passeios para tirar, a chantagem se torna totalmente emocional, e eles começam a nos tirar partes de nossas vidas. É comum nesse período você ouvir frases do tipo "Ou ele/ela ou sua familia"... "Se sair de casa pra morar com ele/ela as portas estarão fechadas pra você, não precisa voltar..."
E lendo assim, parece que temos a resposta na ponta da lingua né? Dificil mesmo é pra quem passa por isso.
E é o que tem acontecido comigo no momento queridos. Dentre todo o preconceito da minha familia, essa chantagem é o que mais mexe comigo. Como reagir? Como escolher entre um amor e uma mãe? Como sair de casa mesmo sabendo que caso tenha de voltar, não encontrará mais portas abertas e braços estendidos para te consolar? Sim, é dificil.
Mas volto no ponto que eu mais debato sempre por aqui ou em qualquer lugar onde eu escreva: Tenha certeza! Seja firme em suas escolhas e decisões.
"Ah Jess, como vou sair de casa se minha mãe diz que eu não terei mais familia?"
Se a sua saída é uma decisão séria e necessária, se não dá mais pra ficar, se você já tentou de todas as formas uma, duas ou mil conversas e elas sempre resultam em nada, seja firme, pense e repense muitas vezes nas consequencias, e se ainda assim achar que deve sair, saia. Toda ação tem uma reação, saiba disso. Tudo na vida tem consequencias, e com você não será diferente.
O que você não pode é passar o resto da vida em função da vontade dos outros. Quem fica sentado e calado no banco do carona não pode reclamar se o caminho escolhido não for o que gostaria. Saia do banco de trás e passe para o volante de sua própria vida. Todo mundo tem medos. Eu tambem os tenho, e confesso, são maiores agora. Mas cabe à nós administrar medos e problemas, antes que eles nos administrem. 

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3 comentários:

teleny disse...

Não tenho estatísticas, mas me parece que, ma maioria das vezes, aquela "guerra fria" (nem sempre tão fria), um dia termina. A decisão de sair de casa (ou a necessidade, no caso de ser expulso), por mais doloroso que seja, acaba fazendo bem para ambos os lados da "guerra". É um período que exige muita coragem e perseverança (daquele que sai), mas ao mesmo tempo, é uma oportunidade de repensar seus pontos de vista (para quem fica). No fundo, os pais desejam a felicidade para os filhos, embora frequentementa levem muito tempo até descobrir em que consiste esta felicidade. Há belíssimos exemplos de reaproximação entre pais e filhos, após longo tempo de crise. Evidentemente, acontecem também separações para sempre. Acredito que seja importante manter um fio de esperança (não queimar todas as pontes), sem atrapalhar o sonho da liberdade. Às vezes os irmãos (ou avós, ou outros parentes) tornam-se intermediários na construção de uma futura reconciliação. É claro, no caso de filhos menores de idade, a situação fica mais delicada e, muitas vezes, mais dolorosa. Mas também há mais chances de ressuscitar o amor dos pais (numa versão otimista). Ainda que nada daquilo (positivo) aconteça, é necessário afastar para bem longe a ideia desesperada de acabar com tudo. Enfim: paciência, coragem, perdão, esperança - são palavras-chaves.

Abraço!

Afrodite disse...

Oi Jezz,
É a primeira vez que leio algo seu...já conheço os demais do SAV!
Acho lamentável o comportamento de sua mãe!
Infelizmente alguns pais tem a ilusão que podem 'corrigir'o filho(a) assim!
Torço pra que essa síndrome de avestruz acabe logo e eles possam enxergar novamente o ser que geraram,e olhem além da casca!Somos mais que isso!
Há muito que conhecerem e por serem tão ignorantes estão perdendo a oportunidade de desfrutar da companhia de um filho(a)maravilhoso por puro preconceito!
Que estórias como a sua se tornem cada dia menos frequente,esse é meu desejo!
Beijo!
Afrodite

Raphael Martins disse...

Jess, tô me preparando pra um dia passar por isso. Meus pais são bem homofóbicos, ainda mais por eu ser filho único. Tomara que essa chantagem seja passageira. Grande bjo!!

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