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segunda-feira, 4 de abril de 2011

Tentarão negar... O inegável



Decidiu mesmo? Ok.

Os pais irão sentir uma perda.

Os papéis serão invertidos. Quando você contar aos seus pais sobre a sua homossexualidade, eles é que terão de aprender contigo o que se passa com você. Ou seja, você vai na frente, e eles te acompanharão nas descobertas, considerando que você está muito a frente nesse processo de assimilação. Não vai ser fácil. Não pense que será tudo depressa, que será tudo simples. A maioria dos pais sentem uma perda indescritivel, sentem a perda de seus sonhos e projetos para os filhos,mesmo que eles sejam mais flexíveis, que acabem respeitando a sua orientação, mesmo assim eles se sentem meio perdidos, e tem a sensação de que perderam muito do que sonharam, as vezes, sentem a perda total do que eles queriam para você. Meus pais aceitaram muito bem, mas ainda assim, enxeram os olhos de lágrimas, e achavam que o que eu estava dizendo sobre a minha sexualidade significava que eu estava desistindo do jornalismo, estava desistindo de ser mãe, estava largando meus sonhos e projetos que eles tanto admiravam. É comum, sempre pensam que vamos ser influenciados. Mas o importante mesmo, é você mostrar a eles que não perderam a filha que sempre sonharam, mas que o sonho deles foi um pouco modificado, e que nem você nem eles tem culpa de ser diferentes, e que o seu sonho é ser aceito com seus sentimentos. Com compreenção, amor, e um jogo de ceder dos dois lados, a relação será recuperada, e muitas vezes melhorada. O mais importante é que eles entendam o valor que tem a sua honestidade em assumir tudo pra eles, e que você tambem os entenda, em suas fases "pós armário dos filhos".. Então você conta, ok.

E vem a fase 1: Choque.

Se seus pais não faziam a mínima idéia, eles concerteza irão sofrer um choque. É um momento de grande desgaste emocional, muito choro, e, às vezes, esse estado pode durar alguns dias. Você deve respeitar esse momento deles, nosso organismo produz esse estado para se proteger de grandes tensões e infelicidades. Se seus pais já desconfiavam, será um pouquinho mais fácil, a não ser que você tenha mentido sobre isso anteriormente quando eles te perguntaram. A mentira não é legal, se você não se sente a vontade para falar no assunto, diga apenas o fato em si, não vá contar experiências suas, envolvendo outras pessoas, afinal, muita gente não entende como os gays se amam, e muitos pais demoram muito tempo para entender que o amor que existe entre homossexuais, é o mesmo, tão comum e natural como entre qualquer casal heterossexual. Embora alguns deles até perguntem, a maioria não entende logo de cara.

Fase 2: Negação.

A negação ajuda as pessoas a se protegerem de mudanças, de uma mensagem ameaçadora ou dolorosa. Mas não se desespere, pois demonstra que a informação começa a ser assimilada. Esteja preparada para o que vai ouvir, as reações de negação, levam os pais a falarem coisas que você pode se sentir magoada, mas lembre-se que é um processo dificil pra eles. Serão coisas do tipo: "Não coloquei filho no mundo pra ser viado!" , "Prefiro uma filha p... do que sapatão!" (Acredite,eu já ouvi uma mãe dizer isso!) "Ah, é só uma fase, vai passar, ela só quer chamar a atenção...", entre outras frases, onde os pais demonstram ignorancia da realidade, indiferença ou rejeição. Outra forma de negação tambem é não darem ouvidos a você, mesmo quando se sentem provocados com o que você fala. Nessa fase os pais tentam ao máximo acreditar que os filhos na verdade, estão contra eles.

A realidade vai entrando pouco a pouco, e absorvendo essa verdade, vem uma fase dolorosa para eles, e tambem para você: A culpa.

Os pais insistem que fizeram algo de errado, que cometeram erros na sua criação, que não foram bons pais, que não educaram e ensinaram o suficiente, o que é um pouco perigoso até eu diria, porque eles passam a se acusar entre si. "Onde foi que eu errei", a mãe geralmente leva culpa por ter educado os filhos, e o pai se culpa por ter estado ausente. Quando os pais são separados, sentem-se muito mais culpados, e aquele que ficou com os filhos acha que foi falha sua. Nessa fase eu os acho egoístas. Porque se esquecem do que você sente completamente, e passam a procurar culpados, culpados para um "crime" que não existe.

Raramente eles se convencem de erraram, mesmo porque não é verdade, eles verão que a criação não teve nada haver com a sua orientação, e nada que eles pudessem ter feito de diferente iria te fazer menos gay. (Menos gay é ridiculo, eu sei.) Mas como toda fase, essa tambem passa, e pra saber que ela tá passando, é só esperar que eles deixem de culpar a si mesmos, e passem a culpar... você. Aí... Ok, próxima fase!

Mas essa conversa continua na próxima semana.. 

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4 comentários:

Falando com Gabi disse...

Essa é uma fase muito dificil para um homossexual, mas creio que fundamental, pena que nem todas as familias aceitão essa escolha, pois a familia é fundamental como suporte psicologico.
Bom estou escrevendo para o Para Lady's e estou passando aqui para divulgar o meu post de hoje, sexo na história, se puder dar uma passada por lá ficarei grata.
abraços.
http://blogparaladys.blogspot.com/2011/04/falando-com-gabi-sexo-na-historia.html

DPNN disse...

Não precisei contar, e - aí é uma coisa da minha personalidade - jamais contaria com esse ar de quem está pedindo autorização para ser gay. Quando eu mesmo passei a tratar com naturalidade, a família inteira lidou da mesma forma.

Acho que contar para a família só deve acontecer, quando a própria pessoa já se conhece muito bem, do contrário ela vai sofrer muita pressão e não vai saber lidar com as consequências.

Um abração!

Euzer Lopes disse...

Lendo este texto eu me lembrei de Dona Bruna. Personagem interpretado por Giulia Gam, na novela Tititi, recém exibida pela Rede Globo às 19h.
O processo, com ela, foi exatamente esse.
O choque, a negação, a culpa, achar que é fase e por fim a aceitação.
Justamente por perceber que o filho sim, estava triste quando não era aceito e foi feliz quando foi amado.
Acima de tudo, mãe morre um pouco ao ver um filho trite e se enche de vida ao ver um filho feliz.
Ainda que num horário "teoricamente livre", o didatismo e o esclarecimento foram constantes. Louvável para uma novela. Mas, a autora Maria Adelaide Amaral é uma militante da causa LGBT

Jess M. disse...

Euzer: Encontrei alguém q consegue captar o que quero passar! rsrs.. Casava com vc se eu não fosse lésbica! kkk..
Exatamente, a novela TITITI sempre me deixava assim.. Pensando, refletindo.. Escrevi essa série bem antes da novela começar, mas quando assisti, vi o quanto eu não estava errada, e essas reações são absolutamente comuns nas familias do homossexual..

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